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Tecnologia social brasileira ganha escala e se expande para América do Sul e Europa
Autor: Site - Gife - Grupo de Institutos, Fundações e Empresas - 14/05/2012

*Daniele Próspero 

Será que os jovens argentinos ouvem as mesmas músicas que os brasileiros que vivem em Minas Gerais? As atitudes típicas da adolescência são similares entre alunos paulistas e estudantes indígenas do Chile? Quais são as dúvidas e incertezas que estudantes do Ensino Fundamental da Colômbia e de Pernambuco têm neste momento? Questões como estas norteiam a conversa e aproximam centenas de alunos que participam de um projeto que tem extrapolado as fronteiras não só das escolas, mas do país.

O programa “Nossa Escola Pesquisa Sua Opinião (NEPSO)” criado há 12 anos pelo Instituto Paulo Montenegro (braço social do IBOPE) e desenvolvido em parceria com a ONG Ação Educativa, tem ganhado cada vez mais outros espaços. No Brasil, há pólos NEPSO na Bahia, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e Distrito Federal. E hoje ele chega também à Argentina, Chile, Colômbia, México, Portugal, Angola (em fase piloto) e, em breve, no Peru.

O projeto, que visa promover o uso pedagógico da pesquisa de opinião pelas escolas da rede pública, se expandiu no Brasil a partir de parcerias com as universidades, principalmente as federais, nos cursos de educação. Estas parceiras têm com missão formar os professores na metodologia, seja inserindo a tecnologia como parte do currículo ou como cursos de extensão. Nos outros países, as parcerias também são estabelecidas com as universidades, que recebem os materiais e orientações da equipe do Brasil, mas a responsabilidade de articulação do projeto é do gestor de negócios local do IBOPE.

Segundo Ana Lúcia Lima, diretora-executiva do IPM, trata-se de um grande desafio, tendo em vista que não há uma sede do Instituto em cada um destes locais, e os contextos de Investimento Social Privado (ISP) dos outros países tem se apresentado diferentes do que o Instituto vivencia no Brasil. “É realmente desafiante você atuar em outros contextos, seja pelo ISP não estar tão maduro nos outros projetos, seja pela pouca penetração que temos nas redes locais. Muitas vezes elas são incipientes ou, como estamos de fora, não conseguimos entrar tão facilmente”, destaca, enfatizando que, diante deste cenário, o Brasil deveria assumir um papel de liderança, “ajudando a desenvolver o setor em outros países”.

Apesar dos desafios, a diretora enfatiza que o NEPSO tem sido muito bem sucedido, tendo em vista que a demanda é sempre maior do que o programa pode atender. Ela acredita que algumas características da iniciativa ajudaram nesta expansão e internacionalização do programa, como o desenho flexível da metodologia, que se adapta facilmente ao contexto local. Afinal, realizar uma pesquisa pode ser uma atividade desenvolvida por alunos de diferentes idades, de escolaridades diversas, assim como de qualquer tipo de contexto. “Não é um programa engessado. É adaptável às demandas daquele espaço”, afirma Ana Lucia.

Em sua opinião, é importante também, nesta expansão do ISP, garantir a unidade das ações nos diversos países, para que não se perca o foco de atuação e seja possível aproveitar todas as aprendizagens já feitas na experiência inicial. “É fundamental que exista uma atividade guarda-chuva que oriente e traga o conjunto de valores e princípios para assegurar a coerência e qualidade das ações”, pondera.

Aprendizagens multiculturais
Uma das principais ações de articulação entre os diversos NEPSOs é a Pesquisa Multipaís que, em 2002, acabou de se iniciar. A proposta é que os estudantes dos diversos pólos desenvolvam juntos uma pesquisa sobre um tema de seu interesse. Em São Paulo, por exemplo, três escolas da zona leste formaram um grupo de estudantes que realizará a pesquisa com estudantes também do ensino médio do Programa Educacional para Meninos, Meninas e Jovens com Talentos Acadêmicos (Proenta, na sigla em espanhol), da universidade La Frontera, em Temuco, no Chile.

A iniciativa, que está no seu quarto ano, envolverá Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Distrito Federal, Pernambuco, Argentina e Chile, formando dezoito grupos de pesquisa. Mais de 250 alunos participarão das atividades. O grande objetivo, além da realização das pesquisas em conjunto, é promover o diálogo entre os estudantes dos vários pólos, contribuindo para a compreensão da diversidade cultural.

“Buscamos também fortalecer mais este sentimento de pertencimento latinoamericano. Nos primeiros anos, as pesquisas eram realizadas apenas pelos coordenadores dos pólos. No terceiro ano envolvemos alunos e isto já começou a dar uma nova cara à iniciativa. A participação deles deu um novo sentido para a própria pesquisa, pois os estudantes perceberam que não é um projeto somente da sua escola ou cidade. Queremos que eles saiam um pouco da realidade da sua comunidade e descubram que existem outras coisas. Percebam que não estão sozinhos”, explica Renato Nascimento, assessor da Ação Educativa e coordenador da Pesquisa Multipaís.

Na opinião de Ana Lúcia, trata-se de uma ótima oportunidade de aguçar mais o interesse dos alunos por aprender, tendo em vista que a metodologia intensifica a participação dos estudantes e permite que eles discutam, na prática, uma temática de seu interesse. “É aprendizagem e abertura para olhar este mundo com mais curiosidade”, destaca a diretora do IPM.

As temáticas escolhidas pelos grupos são diversas. No ano passado, por exemplo, crianças de Minas Gerais e de Mauá fizeram uma pesquisa sobre o tema “culinária”, a fim de descobrir quais comidas eram típicas nas famílias. O resultado foi a criação de um livro de receitas.

Já em 2012, os grupos são motivados a levar em conta justamente a dimensão cultural na escolha do tema. Duas perguntas iniciais foram lançadas aos grupos: “O que você mais gosta de fazer na cidade onde mora? E o que gostaria de fazer, mas não pode?”, a fim de perceber semelhanças e diferenças culturais entre os estudantes. Neste momento, todos os grupos estão na fase de discussão do que é cultura. A partir daí, irão estudar sua própria cultura e depois a cultura do outro grupo. Os debates iniciais irão incentivar os alunos a definir a temática comum das pesquisas, a partir das conversas feitas via blog do programa.

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