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Ressignificando laços entre estudantes e professores
autor: Professora Selma Helgenstiler Arendt - Desde 2004 ao lado do Nepso - 14/10/2014

Desde que iniciei em 2004, no Curso Nossa Escola Pesquisa Sua Opinião, nunca mais fiquei sem fazer projeto de pesquisa com as minhas turmas. Sou professora Licenciada em História pela Universidade de Caxias do Sul. Desde 1998 tive a felicidade de estar identificada com a Escola Municipal Demétrio Moreira da Luz, (de lá para cá também trabalhei em outras escolas com Ensino Médio na rede particular, direção da EJA (Escola de Jovens e Adultos) na mesma escola, e continuo com duas escolas municipais na atualidade).

O desejo de produzir esse material é imenso, porém penso no desafio o qual me foi apresentado. Nesse compartilhamento de saberes e de fazeres, pretendo apontar o que de bom e real ficou nessa trajetória. Talvez, como poucos, digo que é preciso acreditar no inimaginável, mas tudo está ligado às coisas que fazemos no nosso dia-a-dia.

Antes de mais nada, é preciso salientar que a nossa estrutura profissional de Caxias do Sul, liderada pela professora Nilda Stecanela é que torna tudo muito organizado e a cada ano o Nosso Projeto do Polo RS, se recria e se ressignifica ao longo desses 14 anos de Curso de Extensão em Caxias do Sul.

Meu relacionamento com os jovens pesquisadores dialoga com o sujeito e não com o objeto que fica conosco de segunda a sexta. O que seria de uma professora que quer fazer pesquisa em sala de aula, se não fossem seus estudantes? Até 2011, tivemos uma parceria tímida com a SMED local, no fornecimento de ônibus para nosso deslocamento até Caxias do Sul com os alunos. Da nossa cidade 15 professores estavam diretamente ligados ao projeto Nepso, porém com o tempo, novos foram entrando outros vão e voltam. Fizemos vários seminários Nepso em nossa cidade. Tínhamos a Pesquisa Multipaís, porém vieram alguns pensamentos diferentes e nem ônibus tínhamos mais.

A Pesquisa Multipaís, nasceu com os jovens egressos, ou seja, aqueles que estavam no Ensino Médio, por não encontrarem parcerias em suas escolas, e formamos um grande grupo: jovens de São Marcos, Caxias do Sul, litoral e São Sebastião do Caí. Mas, o que leva jovens que passaram pela experiência do Nepso a procurar a antiga Escola com o desejo de continuar? Ora, penso que uma vez acesa a mudança de paradigmas, a mente não quer mais ficar acomodada. É uma provocação dizer o que penso, porém percebo uma certa descrença no magistério em relação a educação. O universo dos professores está recheado de falta de estímulo, de busca de conhecimento. O senso comum toma forma e faz frutos conhecidos pelos estudantes, sobretudo numa sala de professores. Esse círculo vicioso nos leva a crer que tudo está perdido. Mas, a mim interessa ser diferente, fazer diferente, na perspectiva de buscar, desconstruir.

Para além dessa perspectiva pessimista existe Nepso que oportuniza experiências com uma leitura de mundo, diferente, está alicerçada nas experiências humanas de conhecer, utilizar as ferramentas que estão ao nosso dispor. Nos organizamos independentes de políticas públicas. A ruptura já aconteceu: os jovens pesquisadores “praticam o exercício da comparação”, a oportunidade que tiveram de trabalhar em grupo, atenção e respeito, através das inúmeras pesquisas já realizadas, essa peculiaridade, falta do outro lado quando saem da nossa escola.

Os jovens freqüentadores do Ensino Médio local, quando necessitam fazer pesquisa, sendo uma das bases do Ensino Politécnico recorrem aos jovens que vivenciaram a pesquisa nas suas escolas, e aí, novamente ressalto “O exercício da comparação”. A pesquisa deixou nesses jovens um importante recurso para a construção de suas identidades de estudante e de grupo social do qual fazem parte.

Ser solidário a causas que nos inspiram bons sentimentos, partindo do pressuposto que o professor é o integrador exige reflexão para promover uma efetiva interdisciplinaridade. Essas iniciativas podem ser vistas como auto avaliação com relação às nossas práticas pedagógicas. Atividades interdisciplinares exigem organização, planejamento, estabelecimento e disponibilização de espaços, orientação, monitoramento, orientações (das nossas atividades recebidas de Caxias) e um aspecto fundamental “engajamento profissional”. Intenta-se apontar caminhos possíveis dentro de uma realidade educacional caótica, situar-se, discutir, ampliar referências, que promovam a sustentação do “SER” sem demagogias. O professor necessita estar atento para o tipo de assistência que os estudantes demandam.

Em casos como o nosso, creio que “fazer diferente”, adquirir confiança dos pais dos alunos, ter o cuidado com o acolhimento possibilitou a criação de laços, sem pretensão de querer ser melhor, podemos pautar o significado de educação com prazer e amor. Lembro do seminário de 2013, quanta chuva! Eu e outras colegas daqui reunimos nossos carros, mobilizamos alguns pais e lá fomos todos para o Seminário de Caxias. A responsabilidade que esses pais nos deram “levar os seus tesouros” para Caxias do Sul. Quando retornamos e entregamos são e salvos para seus pais, ufa! Que alívio! Deu tudo certo.

Enfim, considerando que o melhor de tudo é a intensidade nos relacionamentos, que nos impulsiona a acreditar na experiência de dias melhores na educação brasileira. A experiência de estarmos juntos, os laços nos fortalecem como indivíduos. Simplesmente não passamos pela vida dos estudantes. Quando temos preocupações com eles, deixamos de ser amadores, somos profissionais que ansiamos por saberes, conhecimento que está diretamente ligado ao olhar do coração. São tantos os nomes: Guilherme, Evelyn, Mauricio, Vanessa... A todos eles meu agradecimento. Com Carinho.

 
 

 

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