O desafio é o mesmo de quase, senão todas, as escolas públicas do Brasil. Dar sentido para educação na vida das crianças e jovens, que serão o futuro do nosso país, torná-los protagonistas de sua aprendizagem e claro valorizar o papel do professor na escola e na sociedade. Como fazer isso? Não é uma tarefa fácil e não existe uma formula mágica, mas sim há muitos caminhos possíveis.

Um desses caminhos está sendo trilhado através da metodologia do Nossa Escola Pesquisa Sua Opinião – Nepso por alunos, professores e a coordenação pedagógica da Escola Municipal de Ensino Fundamental e Médio Darcy Ribeiro, localizada no bairro de São Miguel Paulista na cidade de São Paulo.

Neste ano de 2015, todas as turmas do ensino fundamental II (5º ao 9 º ano) utilizam a metodologia Nepso. Um período (de duas ou três aulas) de um dia da semana é dedicado à pesquisa, os estudantes discutem e avançam em seus projetos de forma coletiva, de forma totalmente integrada com o currículo escolar e de uma maneira multidisciplinar. Nesse momento de troca os professores ocupam o papel de tutor/orientador.

No ano de 2014 as escolas municipais de São Paulo tiveram um novo programa implementado na rede, voltada para estudantes dos 7º, 8º e 9º anos, período chamado de Ciclo Autoral, o objetivo é que os jovens desenvolvam a construção do conhecimento, utilizando diferentes linguagens, com o apoio de todas as disciplinas, sendo orientados por um professor-tutor. Ao final deste ciclo, os estudantes devem apresentar um Trabalho Colaborativo de Autoria (TCA) que resulte em uma intervenção social.

Com mais esse desafio lançado o professor de históriaClodoaldo Junior viu uma oportunidade para integrar a realização do TCA com o Nepso. Ele teve contato com a metodologia nos anos iniciais da criação do programa, por um tempo ficou sem participar do Nepso, mas em 2014 voltou a utiliza-la timidamente.

A coordenadora pedagógica do ensino fundamental II na escola Darcy Ribeiro, Bartira Landim, que nos conta como foi esse movimento “eu assumi a coordenação dessa unidade escolar no mês de maio, antes trabalhava em uma escola de educação infantil, então eu não conhecia esse movimento do Ciclo Autoral, além disso, estava terminando um período de greve. Foi nesse momento que o professor Junior propôs trabalharmos o TCA com a metodologia do Nepso”. Ainda segundo Bartira, os demais professores acolheram a ideia, mas devido ao quadro da escola no momento o desenvolvimento do trabalho ficou de fato para o segundo semestre do ano de 2014.

O que começou de forma conturbada e corrida serviu de exemplo para não cometer os mesmos erros este ano, mas essa experiência também serviu para tornar a de 2015 mais ousada para a escola como um todo.

O envolvimento de tantos estudantes e de cerca de 20 professores vem trazendo aprendizagens inexplicáveis, como traz Bartira Landim, “para mim está mesmo sendo um presente participar do Nepso, acho que é uma metodologia muito funcional, que ajuda muito a colocar o aluno como protagonista de forma qualificada. Acho que é desafiador e é uma metodologia que tem muito a contribuir a ‘quebrar’ esses muros imaginários da escola”, encerra animada.

*Bartira Landim deixou a coordenação da Escola Darcy Ribeiro em julho de 2015, para assumir um cargo na Diretoria Regional de Educação de São Miguel Paulista. No entanto o movimento com o Nepso na escola continua a todo vapor.