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Professores e estudantes do Chile participam de atividades de intercâmbio de experiências em São Paulo
autor: site Ação Educativa - 25/09/2012

Professores de escolas, alunos de licenciatura e o coordenador do Polo Chile do projeto Nossa Escola Pesquisa Sua opinião (Nepso), Prof. Guillermo Williamson, estiveram em São Paulo entre os dias 18 e 25 de setembro para participar de uma série de atividades de formação e intercâmbio com alunos e professores brasileiros, durante a 1ª Jornada de Formação e Intercâmbio de Experiências Docentes: Polo Chile e São Paulo. Ao todo, 16 chilenos participaram das atividades.

O objetivo da Jornada foi promover o diálogo entre os países na área educacional, trocando experiências sobre pesquisas e práticas pedagógicas, formação de professores e lutas por educação de qualidade. Para Thaís Bernardes, assessora do Nepso pela Ação Educativa, essa é uma oportunidade de aproximar diferentes realidades e de fortalecer a rede. “São Paulo e Temuco [cidade onde está sediado o polo Chile] vivenciam muitas semelhanças na efetivação dos direitos educativos e nas práticas pedagógicas e esta é uma oportunidade de troca. Além de promover o fortalecimento da comunidade Nepso como um lugar privilegiado de produção de experiências no contexto Lationamericano”, diz.

No dia 19, o grupo participou do encontro Conexão Entre Pesquisa e Ensino na Formação de Profissionais da Educação: Diálogo Brasil-Chile, realizado pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FE-USP). Participaram da mesa os professores Claudemir Belintane, Elie Ghanem e Paula Louzano, todos da FE-USP; Thaís Bernardes, da Ação Educativa; e Guilhermo Williamson, da Universidad de la Frontera. Eles abordaram temas como os modelos de formação de professores dos dois países e a utilização da pesquisa na educação básica como prática pedagógica.

Em sua fala, Thaís destacou como a metodologia do Nepso permite a construção de uma rede de professores e alunos da América Latina para a troca experiências pedagógicas, e como é importante levar a metodologia para a universidade, para pesquisá-la e aprofundar o entendimento de suas potencialidades. “Conseguimos, no ano passado [2011], trazer o Nepso como um curso de extensão para a FE-USP e, neste ano, o curso está na EACH [USP Leste], já que o Nepso trabalha, sobretudo, com professores da Zona Leste de São Paulo”, conta.

Para o professor Guillermo Williamson, a experiência do Nepso tem sido importante para a formação de professores que dele participam, porque traz a pesquisa para a sala de aula e pressupõe a autonomia e participação do estudante na construção do conhecimento. Ele destaca, porém, que o projeto atua na contramão do que pressupõe a organização do sistema de ensino chileno: “Como o professor pode usar a pesquisa no seu ensino se a sociedade não valoriza o conhecimento científico e a autonomia na construção do conhecimento? Como fazer o uso de metodologias como o Nepso se o currículo se pauta em competências que negam a autonomia do aluno? Qual é o papel da pesquisa na formação docente?”, questiona.

Para relatar a experiência brasileira com o tema, o professor Elie Ghanem retomou o princípio constitucional que norteia a organização das universidades públicas no Brasil, da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. “Executar isso é um grande desafio e hoje este princípio não chega a ser realizado. A forma como a universidade se organiza acaba gerando concorrência entre essas dimensões”, critica. Para Ghanem, é preciso pensar que isso se reflete também na formação de docentes na universidade: "Nos cursos de pedagogia, também separamos a pesquisa para a pós-graduação. A Graduação acaba funcionando como mera transmissão de conhecimento. Há muito pouca pesquisa envolvida no processo.”

Para a estudante chilena de pedagogia Suzana Arlette Oñate Escobar, que explicou a organização da formação de docentes no Chile, experiências com o Nepso têm um papel fundamental e é preciso ampliá-las. Ela afirma que o Nepso permitiu aos alunos de pedagogia e licenciatura antecipar o contato com a realidade escolar e destacou ainda três habilidades desenvolvidas com a participação no projeto: 1) saber trabalhar de maneira autônoma e com capacidade de autogestão, 2) acostumar-se a trabalhar em equipe e lidar com a diversidade, 3) criar capacidade e autonomia para solucionar problemas em grupo.

O movimento estudantil chileno
No dia 20, o grupo de alunos e professores chilenos participou do debate O Movimento Estudantil Chileno e a Luta por Educação Pública de Qualidade, aproveitando a estadia no país para discutir a luta pela educação no Chile e apresentar as perspectivas de acadêmicos, professores de ensino médio e estudantes sobre o tema.

O Prof. Guillermo Williamson iniciou o debate contextualizando o processo de universalização do acesso à educação no Chile e seu desenvolvimento até hoje, que resultou na insatisfação da população de forma geral e, principalmente, dos estudantes, que vivenciam diretamente a forma com que a desigualdade se dá dentro do sistema. Para ele, a “concentração da qualidade da educação está junto com a concentração econômica” e isso “não é só uma questão educacional, mas sim uma questão política”.

Em seguida a Profa. Márica Robles Keller, professora do Ensino Médio, classifica a Revolução dos Pinguins - como ficou conhecido o movimento estudantil - como a grande esperança do país para conseguir uma mudança social profunda, estrutural, e não apenas reformas.

Na mesa, estavam ainda os estudantes universitários Gonzalo Román Pérez Harismendy e Solange Marcela Ferreira Nuñez que, em 2006, no início do movimento, eram estudantes secundaristas. Gonzalo apresentou as possibilidades de inserção no Ensino Médio para os jovens chilenos e Solange disse que “o que o movimento quer é uma nova sociedade para o Chile e não mais um movimento reformista”. Ela ressaltou ainda a importância do Movimento Estudantil para a “revitalização dos movimentos sociais no país”.

Ainda no dia 20, o grupo de visitantes conheceu o IBOPE, financiador do Nepso, e o Instituto Paulo Montenegro, parceiro da Ação Educativa no mesmo projeto e também em outros programas. No domingo, dia 23 de setembro, houve uma visitação à exposição comemorativa dos 70 anos do IBOPE, no Museu Catavento, onde os visitantes puderam ter a dimensão da importância do instituto no Brasil e conhecer um pouco mais da história do nosso país, que é apresentada juntamente com a história da empresa.

Visita a escola da Zona Leste de São Paulo
Os estudantes e professores chilenos participaram ainda, dia 24, de uma visita à escola municipal Dr. José Pedro Leite Cordeiro, com o objetivo de conhecer de perto a realidade de estudantes e professores de uma escola pública brasileira. A programação contou com uma visita a cada uma das salas da escola, o que deixou os estudantes e professores paulistanos entusiasmados. Os brasileirinhos (crianças e adolescentes do 1º ao 9º ano escolar) aproveitaram para perguntar sobre a cultura chilena, suas músicas, clima, alimentação, movimento estudantil etc.

Depois da visita às salas de aula, foi feito um bate-papo com os professores da escola. Nesta conversa, puderam trocar experiências, especialmente sobre as condições de trabalho do magistério em Temuco (Chile) e em São Paulo. Para os chilenos, chamou a atenção o fato de a educação ser gratuita no Brasil, diferente do que acontece na maioria das escolas de Temuco. Já no que diz respeito às condições de trabalho, ele afirmaram ver bastante semelhanças com o que ocorre no Chile, como o número de aluno por sala, por exemplo.

Para encerrar as atividades no Brasil, os chilenos visitaram, na parte da tarde, o CEU (Centro de Educação Unificado) Vila Curuçá, onde puderam conhecer um outro modelo de educação, que concentra num único complexo um Centro de Educação Infantil (0 a 4 anos incompletos), Educação Infantil (4 a 6 anos incompletos), Ensino Fundamental e Educação de Jovens e Adultos, além de um espaço cultural com um teatro, oficinas artísticas, piscina e quadra poliesportiva.

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