Entre o fim de novembro e o início de dezembro, o polo paulista do Nepso (Nossa Escola Pesquisa Sua Opinião) recebeu a visita do professor António Condessa e do estudante João Miguel Guerreiro, que trabalharam com a metodologia de pesquisa de opinião em sua escola na cidade de Vila Real de Santo António, em Portugal. Em viagem ao Brasil pelo prêmio de melhor projeto de 2015/2016, João e António puderam acompanhar o Seminário Paulista do Nepso, momento de apresentação dos projetos desenvolvidos ao longo do ano escolar.
“Achei uma experiência muito interessante. Além de expor nosso trabalho, vimos os dos outros, aprendemos. Cada um tinha um jeito de apresentar e de expor as coisas, vários suportes, materiais. Ver a ótica das pessoas sobre seu próprio trabalho foi bastante interessante. Muita ajuda entre as pessoas e os grupos”, opina João. Além disso, visitaram uma escola na zona leste de São Paulo, conheceram professores e professoras e puderam acompanhar um pouco do desenvolvimento da metodologia na cidade.
António explica que a formação de professores/as na metodologia em Portugal é feita de três encontros presenciais e que há um acompanhamento das etapas e do processo de cada projeto por uma plataforma específica. “Temos uma agenda com as datas das fases e símbolos que nos ajudam a entender se estamos avançados ou atrasados no desenvolvimento do projeto”, conta. O quarto momento de formação presencial já é no encontro final, com todos os professores/as e alunos/as participantes de várias escolas e regiões de Portugual. “Os encontros são no norte do país e para nossos alunos, para muitos, é a primeira vez que viajam. Passamos três dias lá, chegamos antes e vamos embora depois. Este ano foi em Braga”, relata António.
“Isso os encheu de orgulho e de muito protagonismo. Eu acho que para eles é aquilo que chamamos de “empoderamento”, aumenta a auto estima. Foi a mesma turma nos dois projetos”, continua. O projeto ganhador do ano anterior tratava de tatuagens e piercings; o deste ano abordou o impacto psico-sociológico da música no desempenho escolar.
João conta que os alunos participantes do projeto deste ano se dividiram em grupos: parte estatística, de elaboração do questionário; abordagem teórica; e tratamento das respostas colhidas com a aplicação do questionário. Respondido online, foi disseminado pelos próprios alunos, que iam às salas de aula convidar outros estudantes da escola. O resultado foi a participação de 206 alunos e alunas de 15 e 16 anos. “Foi praticamente a escola toda, pelo menos aquele segmento que eles imaginaram como público alvo”, conta António.
O trabalho, realizado na Escola Secundária de Vila Real de Santo António, no curso profissional de técnico de recepção, teve a orientação de António e contou com a colaboração da professora Liliana Silva. “É música, mas artes em geral. A música ajuda e tem um impacto de verdade nas pessoas, porque a música é arte e a arte tem esse papel”, explica João. No próprio projeto os alunos e alunas relatam:
“Este trabalho pretende mostrar aos jovens como nós, alunos, que a música influencia o nosso desempenho escolar. Esta é premissa segundo a qual orientámos o nosso trabalho. Optámos por este tema porque é um assunto que suscita muitas dúvidas, mas também muita curiosidade.
Hoje em dia, é indiscutível que todos os jovens ouvem música, sendo esta de que género for. Assim sendo, o nosso propósito é explorar de que forma esta influi, potencia e amplia a nossa performance, quer a nível escolar, quer a nível social. Eis o que queremos aprofundar com o nosso estudo.”
Para António, o resultado final do projeto é fruto do empenho e trabalho dos/as alunos/as e que é importante afirmar esse lugar. “O protagonismo nesse processo deve ser do aluno. Nós só fazemos tutoria e que eles apliquem bem a metodologia que estamos transmitindo”, finaliza.
Foto de Moisés Moraes: António e João participam do Seminário Paulista do Nepso