O objetivo dessa pesquisa era conhecer a opinião das pessoas sobre o aborto, tema ainda muito polêmico nos dias atuais. Tínhamos como hipótese que a maioria seria contrária e também que muitos, apesar de expressarem uma opinião a respeito, não conheceriam o assunto em profundidade. A qualificação sobre o tema foi através de textos pesquisados na Internet como http://www.webciencia.com/01_aborto.htm e o documentário “O Aborto dos Outros”, direção de Carla Gallo, de 2008, que aborda vários casos de mulheres que abortam em diferentes situações: estupro, má formação do feto e o desejo de interromper a gravidez. Esse filme nos fez rever as nossas posições, pois percebemos a delicadeza e a complexidade do tema. Entrevistamos 50 pessoas com questionários auto-aplicáveis por entendermos que elas ficariam mais à vontade para responderem. A maioria teve interesse em responder a pesquisa, porém notamos que parte dos entrevistados se mostrava em dúvida quando a questão exigia um maior grau de informação sobre o assunto. Resultados das entrevistas: Público entrevistado: 56% feminino e 44% masculino. 66% entre 15 a 18 anos. As demais faixas variaram de 14%, de 19 a 25, 8%, de 26 a 32 anos. Esse resultado se deve que boa parte das entrevistas foram efetuadas em duas escolas de ensino médio, uma regular e outra profissionalizante. Escolaridade: 56% com ensino médio incompleto e 26% com ensino médio completo. 84% consideram que a prevenção da gravidez é papel do homem e da mulher. 46% têm percepção que o aborto atinge mais as mulheres mais pobres, enquanto que 36% consideram que atinge da mesma forma ricas e pobres. 68% acham que a gravidez que foi fruto de um relacionamento proibido é o principal motivo que leva as mulheres ao aborto e 14% quando a mulher é muito jovem e que isso atrapalharia a sua vida e futuro. Para 52%, em caso de estupro, são favoráveis ao aborto independente da lei porque a gravidez foi resultado de uma relação forçada, enquanto que 30% são contrários pois abortar significa tirar a vida de um ser humano. No caso de uma gravidez indesejada na adolescência, o aborto não deveria ser permitido para 72%, enquanto que 26% responderam que concordariam. 86% não concordaram com a ideia que a mulher deve ter o direito de fazer o que quiser com o seu corpo, inclusive abortar. Apenas 6% concordaram que a mulher tem esse direito. Para 58% a decisão de abortar deve ser do casal, enquanto que 28% responderam que essa decisão deveria ser da mulher, principalmente. 54% concordam com a proibição da Igreja católica sobre o aborto, 34% discordam e 12% não souberam opinar. Para 36% o aborto no Brasil deveria ser visto como uma questão de saúde pública, portanto do Estado, enquanto que 25% consideram esta uma questão moral e 12% não souberam responder. 25% NÃO RESPONDERAM. Para 64% o aborto deve continuar proibido e permitido em alguns casos e para 34% deve continuar proibido por lei e apenas para 2% deveria ser legalizado em todos os casos. Com esses resultados a nossa hipótese inicial foi confirmada, ou seja, que a maioria dos entrevistados seria contrária ao aborto. O Brasil é um país católico e a influência religiosa deve contribuir para essa visão mais conservadora. Também a opinião da família deve pesar na opinião da maioria entrevistada (15 a 18 anos). Sabemos que há um grande índice de mortalidade de mulheres que abortam clandestinamente e em precárias condições e nesse sentido uma parcela apenas dos entrevistados tem uma percepção que essa questão é de saúde pública e também social e, portanto, deveria ser discutida mais amplamente pela sociedade e pelo Estado. Foi interessante o depoimento da mãe de uma das entrevistadoras, que após assistir o documentário “O Aborto dos Outros” junto com sua filha, considerou que é muito importante a escola ter esse tema em seu currículo.