Nos oitavos anos iniciamos o ano estudando sistema nervoso a partir do assunto drogas. Estávamos discutindo o que era ou não considerado droga e o que mesmo não sendo considerado como droga funcionava como uma em nosso organismo. Para  entender como o sistema nervoso funcionava, passamos a estuda efeitos de drogas através de textos informativos na biblioteca. Entre os efeitos no corpo da cocaína, maconha e álcool os alunos encontraram exemplo de “vício” em café. A partir daí surgiram outras questões sobre abuso de açúcar, coca-cola e celulares. Os alunos perceberem que além do tipo de substância, outras questões estavam também envolvidas no vício, com destaque para a questão comportamental. A proposta da pesquisa de opinião foi apresentada aos alunos como possibilidade de conhecer mais os colegas da escola e saber se poderíamos ou não estar viciados em celulares.

O uso de celular foi escolhido como mais interessante porque há uma tensão forte envolvendo questões de indisciplina escolar. Há também um problema relacionado ao excesso de consumo de balas, mas geralmente, as reclamações são feitas devido a sujeira e desleixo no descarte das embalagens dos doces e não aos efeitos maléficos do consumo de açúcar pelos estudantes. Para explorar o tema vício em celulares, começamos a escrever perguntas que poderíamos nos ajudar a saber se uma pessoa estaria ou não viciada em celular. A participação no NEPSO nos ajudou a melhorar a escrita do questionário de opinião para facilitar a descobrir respostas para nossas perguntas, a entender a forma de analisar os dados e a mobilizar os alunos na pesquisa.

Para a qualificação do tema, inclui-se o estudo teórico de efeitos de drogas no corpo e do funcionamento do sistema nervoso a partir de leitura de textos informativos diversos, acompanhados de escrita de resumos e resolução de questões ao longo do primeiro trimestre. Foi feita também visita monitorada ao Museu de Ciências Morfológicas e palestra de um especialista em patologia sobre o efeito tóxico de drogas após visita ao museu onde os alunos tiveram oportunidade de conhecer estruturas do corpo e responder diversas questões que haviam sido elaboradas por eles, mas até então ainda não respondidas. O tema continuará sendo desenvolvido com leituras de estudos científicos sobre influência do celular em doenças como câncer e também funcionamento de telefones móveis. 

Os entrevistados foram os estudantes da escola.

Quanto a escolha da amostra ocorreu porque as turmas participantes da pesquisa de opinião não se dispuseram a entrevistar alunos mais jovens. Alunos de terceiro ciclo costumam interagir mais com alunos de mesmo ciclo por compartilharem mais tempo juntos nas horas de recreio da escola.  Além disso, a maior parte dos alunos de segundo ciclo não utiliza celulares durante as aulas por ainda não o possuírem ou por respeitarem essas regras da escola. À medida que os alunos ficam mais velhos, tornam-se mais frequente a indisciplina dos aluno em usarem celulares durante as aulas e as discussões sobre o uso de celular ser benéfico ou não. Dessa forma, trazer informações específicas sobre o efeito de seu uso no funcionamento do corpo pode agregar conhecimento ao debate na sala e a dar maior consistência a discussão e reflexão sobre comportamento em sala de aula.

O questionário foi elaborado coletivamente em sala de aula. Após ler em textos informativos diversos que descreviam efeitos de drogas e conversar sobre situações em que os estudantes percebiam ou suspeitavam de vício por colegas, familiares e até mesmo por reportagens na televisão sobre vício em facebook, solicitei que os alunos pensassem em questões que eles poderiam identificar

quando uma pessoa estaria ou não viciada em celulares. Conversamos sobre comportamento das pessoas com vício em algo e iniciamos a escrita das perguntas. Dei o primeiro exemplo de pergunta e coloquei o que os alunos achavam que seria ou não indicativo de vício em forma de alternativas. A redação das perguntas e respostas foi reelaborado pela professora em parceria com NEPSO.

Inicialmente a entrevista foi feita entre os alunos da própria sala para conhecerem o questionário e treinarem a leitura e o processo de marcar as respostas no questionário. Em seguida, cada turma participante escolheu outras dois turmas que gostaria de entrevistar no terceiro ciclo. Foram impressos questionários suficientes para cobrir os alunos dessas turmas e cada aluno entrevistador fez quantas entrevistas se sentiu a vontade para fazer. A maioria entrevistou pelo menos um pessoa e foi possível cobrir todas as turmas do terceiro ciclo. A presença do professor em sala durante as entrevistas serviu para organizar os alunos e explicar o motivo da atividade para a turma a ser entrevistada. Alguns alunos tiveram dúvidas durante as entrevistas.

O processo de tabulação foi apresentado e conduzido por professora orientadora do NEPSO. Foram utilizadas no processo tabelas individuais que foram preenchidas em duplas pelos alunos. Eles ditavam o resultado da tabulação, que ia sendo anotado no quadro para visualização da turma. Depois foi feita a contagem geral de cada uma das respostas e algumas repostas foram respondidas com bases dos dados obtidos. Em outra turma, esse mesmo processo foi feito pela própria professora da turma, que atuou como monitora na primeira turma.

Para os gráficos, foi utilizado o Excell, no qual cada aluno produziu um gráfico referente a uma questão.

Como principal resultado da nossa pesquisa, tivemos que para a maioria dos entrevistados o que mais utilizam do celular é o “whatsaap” e o que menos usam é para “ligação”. Para 42% da amostra, ficam no celular o dia todo, sendo que 62% relatam que se sentem bem quando usam o celular e 57% que sentem mal quando não usa e 52% da amostra diz que não se acha viciado em usar celular!